Hoje, por uma iniciativa da ONU em meados de 1989, celebramos mais um dia mundial da População. A data, que em tempos celebrava a forma como a população mundial ia batendo records populacionais, hoje tem objectivos totalmente diferentes. Já todos sabemos que somos muitos, que ainda nem todos temos acesso aos recursos e serviços básicos e que a pobreza ainda representa um factor de desequilíbrio. Actualmente há uma globalidade que nos une e que nos assume como uma única população. Aquela que habita este planeta e que nele detem a responsabilidade de coexistir e cuidar.
Porém, os diferentes contextos, credos, ideologias, etc… tornam-nos particulares. Únicos. Esta singularidade remete-nos para a questão do próximo. Da forma como nos relacionamos na nossa pequena comunidade e do impacto que isso pode representar no tal plano global. Existe ainda o paralelismo com a teoria do caos que afirma que :
“O bater de asas de uma borboleta poderia alterar o curso natural das coisas e, provocar um tufão do outro lado do mundo”.
Edward Lorenz
Fará por isso cada vez mais sentido caminharmos na direcção da Glocalização, ou melhor dizendo, repensar e implementar acções locais que tenham um contributo para o próximo à escala global. Não será seguramente a chave para todos os problemas e desafios societais que enfrentamos à escala mundial, mas de alguma forma responsabiliza-nos e incentiva-nos a tomar medidas concretas e passíveis de serem realizáveis.
Por cá, vai dizendo a imprensa e a Pordata, que em Portugal “somos menos e mais velhos, casamos pouco e continuamos pobres”. Parece uma notícia banal, das muitas que vamos lendo, e que nos vão categorizando mediante determinados indicadores (ou métricas) estatísticos. No dia que celebramos hoje, preferia ouvir e ler acerca da forma como temos vindo a contrariar aquilo que parece inevitável. O que se tem feito em cada rua, bairro ou cidade para inverter esta tendência e que permite de alguma forma dar resposta a uma realidade em constante mutação e que nos coloca à prova todos os dias. Gostaria de ter despertado com a notícia de que esta população é capaz de coisas fantásticas e que apesar de todas as contrariedades se está a adaptar aos novos tempos e a seguir resiliente na tentativa de partilharmos um espaço melhor, num período de tempo melhor. Afinal de contas são esses os parâmetros que nos classificam de tempos em tempos e que de muitos números, pouco ou nada nos dizem.
Gostaria de aproveitar este dia para vos apelar aquilo que na Opta assumimos como sendo o grande desafio de alteração comportamental. Falo-vos do activismo quotidiano. Da forma como pensamos as nossas acções e do impacto (sempre positivo) que daí resulta para o próximo. É o tal bater de asas da borboleta que acima vos falava. É ter a consciência que a minha alteração comportamental, em prol de um determinado colectivo (população) pode gerar o tal tufão positivo. É seguramente esta replicação de comportamento e entreajuda que facilitará o reforço da aliança entre todos com vista a uma população mais equilibrada, inclusiva, sustentável e acima de tudo feliz no meio onde habita. Há muito caminho para trilhar neste sentido, mas tudo começa em nós e no próximo, para que continue a valer a pena fazer parte desta população.
Até breve,
Hélder Teixeira
(fundador & activista)
Foto de grelha : Nathan Dumlao